Um simples jogo pode tornar o mundo em que vivemos muito mais perigoso. Explico...
Há pouco mais de 1 mês, dia 13 de Janeiro, Gabriel, um jovem de 16 anos de idade, filho único de uma colaborada que trabalha comigo, faleceu após quatro dias em coma, vitima direta de um jogo para celular.
Devido ao seu perfil estrategista, passando horas à fio jogando clássicos do RTS (Real Time Strategies – Estratégia em Tempo Real), como Age of Empire ou Warcraft, não foi difícil incorporar o papel de “Agente” dos Enlightned, elevando seu nível de concentração e comprometimento às alturas, ao entrar no jogo. Com isso, a conquista do Portal Cinza significaria um grande avanço na sua “carreira” de Agente. E assim, ao atravessar a rua, focado unicamente em procurar o local específico apontado pelo jogo INGRESS, do Google, foi atingido por um ônibus, no exato momento em que tentava encontrar esse marco digital, localizado próximo à sua residência.
Instantes antes do acontecimento, ele havia informado à sua mãe por telefone, que estava muito próximo de encontrá-lo, ignorando os conselhos e advertências feitas por ela.
Sobre o jogo propriamente dito – INGRESS – trata-se de um jogo baseado em realidade aumentada – (ARG em inglês), livre e gratuitamente disponibilizado no Google Play, onde são disputadas partidas entre dois grupos rivais: Enlightened e Resistance. Essa disputa resulta em dominar a maior quantidade de portais, que são monumentos e construções REAIS. E a dominação de um portal possibilita um link com outro portal de sua facção. Com 03 links, temos o que chamam de Control Field – CF. O número de habitantes dentro desse CF, determina a quantidade de Unidades Mentais controladas.
Com apenas 1 dia de jogo, Gabriel já estabelecera o seu primeiro portal, links e o Control Field. No fatídico dia, Gabriel havia descoberto um portal neutro, livre de qualquer conquista das forças rivais. Tal portal chama-se “Chafariz dos Anjos” , localizado no nº 48 da Av. Melo Matos, muito próximo ao local do acidente.
A luta de Amanda, mãe de Gabriel, se dá atualmente na tentativa de impedir sua comercialização e em advertir outras famílias, evitando com que passem pelo mesmo drama e sofrimento que o seu.
O FATOR VÍCIO
Todos sabemos que existem uma infinidade de jogos no mercado e que muitos deles são extremamente viciantes, à ponto de serem necessárias medidas extremas para conter e combater o vício incontrolável em jogos eletrônicos, sejam eles em consoles, computadores, tablets ou smartphones.
Vejam um exemplo bem recente como o jogo FLAPPY BIRDS, que foi removido do mercado pelo próprio criador por acreditar ser EXTREMAMENTE VICIANTE.
O caso de Gabriel não foi diferente. Embora com apenas 1 dias de utilização, o vício se instalou de forma tão agressiva que imediatamente após o acidente, os bombeiros relataram que o seu celular ainda estava ligado no Ingress, demonstrando sua utilização constante até mesmo ao caminhar nas ruas, o que acaba sendo muito perigoso em virtude de tamanha distração e comprometimento com os objetivos virtuais (utilizando locais REAIS!) ao que o jogo proporciona.
Do mesmo modo, não são raros os casos onde os jogadores são roubados na rua por andarem com os celulares à mostra ou caírem, tropeçarem nas ruas.
Como GAMER, entendo o pensamento do Gabriel em seus momentos finais e excitantes pela pré-conquista de um portal ainda livre, sem dono. ELE SERIA O PRIMEIRO! É muita adrenalina. Mas o fato é que JAMAIS podemos ou devemos pensar (ou se quer imaginar) em substituir o mundo real, físico pelo imaginário, fictício.
Enquanto no outro somos quem quisermos ser – Reis, Rainhas, Guerreiros, Deuses, Pilotos, Soldados e uma infinidade de entidades, aqui no mundo REAL em que vivemos, somos APENAS NÓS MESMOS, DE CARNE E OSSO, COM APENAS 01 LIFE, SEM QUALQUER POWER –UP OU CONTINUES NA SAGA DA VIDA. AQUI É A VIDA REAL! É GAME OVER, MESMO!
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